A Taxa Referencial ou TR é uma taxa básica de juros que serve de referência para o rendimento da poupança, do FGTS, sendo usada também no cálculo do financiamento imobiliário.
Por fazer parte do dia a dia de muitos brasileiros, decidimos fazer esse post para simplificar a TR, mostrando como ela é calculada e o impacto dela no seu bolso. Continue a leitura para saber mais.
O que é Taxa Referencial?
A Taxa Referencial foi criada na década de 90 para exercer um papel bem semelhante ao que a Selic exerce hoje: de ser uma taxa referência para outros juros praticados no Brasil e para conter os avanços da inflação.
Na época, o Brasil vivia um cenário de descontrole inflacionário que só veio a ser totalmente controlado com o Plano Real.
Hoje em dia, a taxa é usada para o cálculo de rendimentos da caderneta de poupança, do FGTS e de alguns títulos de capitalização. Ela também é considerada no cálculo das parcelas de financiamentos imobiliários como mostraremos ao longo do texto.
Variação da taxa nos últimos anos
O valor da Taxa Referencial é divulgado pelo Banco Central todos os dias, mas desde o final de 2017, o índice está zerado, em parte, por causa da queda da Selic.
Na tabela abaixo, você confere o desempenho da taxa desde a sua criação até o momento.
ANO | TAXA TR (%) |
1991 | 335,52% |
1992 | 1156,22% |
1993 | 2474,74% |
1994 | 951,20% |
1995 | 31,62% |
1996 | 9,56% |
1997 | 9,78% |
1998 | 7,79% |
1999 | 5,73% |
2000 | 2,10% |
2001 | 2,29% |
2002 | 2,80% |
2003 | 4,65% |
2004 | 1,82% |
2005 | 2,83% |
2006 | 2,04% |
2007 | 1,45% |
2008 | 1,63% |
2009 | 0,71% |
2010 | 0,69% |
2011 | 1,21% |
2012 | 0,29% |
2013 | 0,19% |
2014 | 0,86% |
2015 | 1,80% |
2016 | 2,01% |
2017 | 0,60% |
2018 | 0% |
2019 | 0% |
2020 | 0% |
2021 | 0% |
Como a TR é calculada?
A forma simples de calcular a variação diária da TR é usando a calculadora disponibilizada no site do Banco Central.
Mas caso você tenha curiosidade para saber como o BACEN chega a esses valores, a gente explica!
O cálculo da TR é baseado nas taxas de juros das Letras do Tesouro Nacional (LTNs). Primeiro, encontra-se a média ponderada das taxas de juros praticadas pelas LTN no mercado secundário.
Em seguida, esse valor é multiplicado por um fator redutor definido pelo seguinte cálculo:
R = (a + b) x TBF
No qual:
- a: 1,005 (definido na criação da TR)
- b: depende do TBF e é divulgado pelo Banco Central
- TBF: tarifa básica financeira divulgada diariamente
Depois de descobrir o valor do fator redutor, é feito um segundo cálculo, levando em conta a média ponderada de juros das LTNs:
TR = 100 x {[((1 + TBF) / 100) / R] – 1}
De tudo isso, a principal informação que você precisa guardar é que a TR sempre será menor do que a TBF.
Porque a TR influencia no financiamento imobiliário?
Quem já teve a experiência de solicitar um financiamento imobiliário sabe que o valor das parcelas é composto pelo: saldo devedor/quantidade de meses + juros pré-fixados + a variação da TR.
Nesses casos, ajuda muito o fato de a TR estar em 0%, já que o cliente terá mais facilidade para comparar as taxas cobradas por cada instituição e escolher aquela que faz mais sentido para ele.
No que mais a TR influencia?
Além do financiamento imobiliário, a TR é referência para a remuneração de algumas aplicações financeiras. Por isso, pode ser interessante acompanhar o desempenho da taxa.
Poupança
Hoje, a rentabilidade da poupança é dada por 70% da taxa Selic + variação da TR. Essa regra é válida para quando a Selic está abaixo de 8,5% e só para as poupanças criadas a partir de 2012.
Para as poupanças criadas antes dessa data ou para quando a Selic está acima de 8,5%, a rentabilidade é de 0,5% ao mês + variação da TR. No cenário atual, com Selic baixa e TR zerada, a poupança tem rendido cada vez menos para os brasileiros, daí a importância de diversificar suas aplicações.
>> Veja aplicações de renda fixa que rendem mais do que a poupança
FGTS
O FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) é uma reserva financeira, onde todo mês as empresas depositam 8% do salário bruto pago ao trabalhador. Enquanto esse dinheiro fica depositado, os valores rendem 3% ao ano + variação da TR.
Diferentemente da poupança, o FGTS só pode ser sacado em situações bem específicas como demissão sem justa causa ou doença grave. Ou seja, mesmo que o dinheiro esteja rendendo abaixo da inflação não há muito a ser feito.
Títulos de capitalização
Os títulos de capitalização são produtos oferecidos pelos bancos e instituições financeiras nos quais o cliente concorre a prêmios durante o período em que o dinheiro está aplicado.
A remuneração desses títulos é dada por uma porcentagem fixa (em torno de 1% ao ano) + variação da TR.
Por serem atreladas a prazo, podem não ser tão interessantes assim, já que seu dinheiro fica parado até o vencimento da aplicação em troca de rendimentos baixos, e o resgate antes da hora é sujeito a multa.
Como me proteger das baixas da TR?
Se você chegou até aqui deve ter percebido que a TR, embora em desuso, ainda serve como referência para alguns investimentos.
Por isso, a melhor forma de proteger seu patrimônio é explorar investimentos que vão além da poupança e dos títulos de capitalização citados aqui, optando por papéis igualmente seguros, mas que são atrelados a outros indicadores financeiros como CDBs, LCIs, LCAs, etc.
No caso do FGTS, lembramos que o dinheiro pode ser usado para dar de entrada em um imóvel, evitando assim que a quantia se desvalorize ao longo do tempo.
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