O resultado positivo do PIB para o primeiro trimestre, divulgado pelo IBGE no início de junho, surpreendeu o mercado por dois motivos: primeiro porque o crescimento de 1,2% foi acima do que estava projetado para o período, e segundo porque o aumento foi suficiente para o Brasil retornar aos patamares pré-pandemia, depois de um ano de queda na atividade.
Uma das consequências possíveis do desempenho econômico positivo foi a queda do risco-país, que vinha em uma crescente por causa do avanço da segunda onda da pandemia e do cenário fiscal deteriorado.
Para quem não sabe, o risco-país é um indicador determinante para a atração de investimentos estrangeiros e gera impactos na economia como um todo.
No post de hoje a gente simplifica o termo!
Continue a leitura e descubra:
- O que é o risco-país?
- Como o risco-país é medido?
- Como o risco-país impacta a economia?
O que é o risco-país?
O risco-país é um conceito econômico usado para classificar a probabilidade de insolvência de uma país, em poucas palavras, a possibilidade dele dar “calote” no mercado.
Quanto mais alto for esse número, maiores serão os riscos de investir naquele país e, consequentemente, maiores serão os juros cobrados nas operações financeiras.
O risco país é influenciado por diferentes fatores, como:
- Instabilidade política e/ou social;
- Déficit fiscal;
- Inflação;
- Agentes de instabilidade mundial (como o coronavírus, por exemplo);
- Resultado do PIB.
Isso apenas para citar alguns.
Sendo assim, é possível que um país cresça muito e mesmo assim ofereça risco elevado.
Como o risco-país é medido?
EMBI+BR (Emerging Market Bond Index Plus)
O EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) compara o desempenho diário de títulos emitidos por 19 países emergentes a títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos, esses considerados papéis isentos de risco. Quanto maior for a pontuação do EMBI+, maior é o risco de investir naquela economia.
Para o cálculo é feita a média ponderada do spread de papéis da dívida pública brasileira no exterior, ou seja, a diferença das taxas em relação a títulos americanos de maturidade semelhante.
CDS
O CDS (Credit Default Swap) funciona como um “seguro” contra eventuais calotes, no qual o valor pago pelo investidor é diretamente proporcional aos ativos que ele deseja assegurar.
Para simplificar, propomos a seguinte analogia.
Imagine o CDS como um seguro de automóvel. Um condutor mais experiente, com muitos anos de carteira, oferece um risco menor de acidente do que um condutor jovem recém-habilitado, estatisticamente falando. Por isso, o valor de seguro é mais alto quando o condutor mais jovem é colocado como condutor principal. O mesmo acontece com o CDS, quanto maior o risco do país emissor, maior será o valor cobrado ao investidor para assegurar aqueles papéis.
Rating Soberano
Todo investimento tem um risco associado, mas qualquer investidor vai buscar o melhor retorno pelo menor risco possível. Uma das formas de minimizar o risco de investimentos é avaliar o rating da empresa ou instituição financeira emissora daquele título.
Da mesma forma que acontece com as empresas, existe um rating que classifica o nível de risco de investir no país, conhecido como Rating Soberano.
Cada agência de rating tem seus critérios de avaliação para definir se um país é ou não um bom pagador, mas, em geral, eles passam pelo cenário político, econômico e social.
Essa análise aprofundada permite classificar os países em:
País com grau de investimento: Países com grau de investimento inspiram confiança dos investidores, portanto, conseguem empréstimos maiores a juros mais baixos.
País com grau especulativo: se o primeiro cenário é positivo, podemos supor que o grau especulativo é exatamente o contrário. Um país com grau especulativo é visto como instável financeira ou politicamente e inspira desconfiança nos investidores. Por causa do risco envolvido, o país precisa oferecer taxas de juros mais altas para atrair capital estrangeiro, trazendo consequências sobre as quais falaremos mais a seguir.
Como o risco-país impacta na economia?
Um país com risco de investimento elevado gera fuga de capital estrangeiro, o que tem efeitos na taxa de câmbio e na inflação. Falamos detalhadamente dos impactos do dólar alto na nossa economia aqui.
Os efeitos da má avaliação do país também recaem sobre as empresas que operam no local, levando a desvalorização das ações na Bolsa, retração econômica e alta de desemprego.
Vale lembrar que o risco-país é um indicador dinâmico e sensível a mudanças políticas e econômicas, por isso, é importante sempre estar atento a essas movimentações e fazer uma leitura mais ampla do cenário antes de negociar seus ativos às pressas ao primeiro sinal de instabilidade.
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