Marcação a Mercado é uma atualização diária dos valores de investimentos, incluindo títulos de renda fixa e ações da Bolsa de Valores
Se você quer saber o que é Marcação a Mercado (MaM), saiba que consiste em atualizar o preço de um ativo de renda fixa ou uma cota de fundo de investimento com base no valor atual do mercado. Com essa variação, pode interferir na estratégia de investimentos, levando em consideração três fatores: o contexto econômico, a taxa Selic e a oferta e demanda do mercado. Portanto, quando você se pergunta: “Por que a cota do meu fundo de renda fixa caiu?” ou “A renda fixa varia?”, a resposta está relacionada com a Marcação a Mercado.
Com isso, ajuda os investidores a tomar decisões assertivas em relação à compra, venda ou manutenção de um título. A Marcação a Mercado também permite que os investidores avaliem o desempenho de seus investimentos com mais precisão.
Outra função importante da Marcação a Mercado é a transparência. Ao marcar um título a mercado, o valor do ativo é baseado em preços de mercado reais, o que ajuda a garantir a precisão e a transparência nas avaliações de investimento. Isso é particularmente importante para investidores que desejam avaliar as informações financeiras de uma empresa antes de tomar uma decisão de investimento.
Por fim, a Marcação a Mercado também ajuda a garantir a estabilidade financeira do setor financeiro como um todo. Ao avaliar os ativos de forma precisa e transparente, a Marcação a Mercado ajuda a minimizar o risco sistêmico e a proteger o sistema financeiro como um todo de potenciais crises financeiras.
O que é Marcação a Mercado?
A Marcação a Mercado é um processo diário de atualização do valor dos ativos com base nas condições do mercado, incluindo fundos de investimento, ativos negociados na Bolsa e investimentos em renda fixa. Como os preços dos ativos podem variar diariamente, os investidores devem estar preparados para lidar com essas variações.
Assim como existe a bolsa de valores, na qual investidores negociam ações diariamente, há também o mercado balcão. Nele, diversos agentes econômicos, como bancos e fundos de investimentos, compram e vendem títulos de dívida.
Igualmente à bolsa, essas dívidas possuem cotações diárias baseadas nos preços aos quais os ativos estão sendo negociados. Dessa forma, se você compra um título que rende X% ao ano e o mantém até o vencimento, o rendimento será exatamente o X% contratado.
Mas se você toma a decisão de vender o ativo antes do vencimento, você estará sujeito às cotações do mercado balcão.
Isso acontece porque quando se carrega o título de dívida até o vencimento, quem paga o investidor é o credor da dívida, seja ele uma empresa ou governo. Mas quando se vende o ativo antes do vencimento quem o compra é outro investidor e o valor da transação será o de mercado.
Então, de forma bem resumida, a Marcação a Mercado é o preço que você conseguiria caso fosse vender seus ativos hoje.
Qual a diferença entre Marcação a Mercado e Marcação na Curva?
A diferença entre Marcação a Mercado e Marcação na Curva é que, na Marcação na Curva, a taxa utilizada para atualização do título é fixa e pré-determinada no momento da compra, enquanto na Marcação a Mercado, o preço é atualizado diariamente com base nas condições do mercado. Na Marcação a Mercado, o investidor pode visualizar o impacto das condições do mercado na rentabilidade do título e acompanhar as oscilações.
O cenário geral da renda fixa e da Marcação a Mercado
Nossa economista-chefe, Rafaela Vitória, explica os principais conceitos da marcação e o que mudou no início deste ano. Para quem quer se aprofundar ainda mais no assunto e entender as expectativas para 2024.
Qual é o principal objetivo da Marcação a Mercado?
É garantir que os valores dos ativos e passivos de uma empresa sejam contabilizados a um preço justo e reflitam seus valores de mercado atuais. Isso é importante para fins de relatórios financeiros e de desempenho, pois permite que os investidores e outros interessados tenham uma compreensão precisa da situação financeira da empresa.
A Marcação a Mercado também busca equilibrar os valores das cotas ou títulos, informando ao investidor sobre a valorização ou desvalorização. Outro objetivo é oferecer proteção para o investidor, tornando os preços mais transparentes e as condições de negociação mais claras. Em geral, a Marcação a Mercado evita a transferência de riquezas entre pessoas cotistas.
Quais títulos têm Marcação a Mercado?
Os títulos com Marcação a Mercado incluem ações, títulos de renda fixa, contratos futuros, entre outros. Esses títulos têm preços que variam com base nas condições do mercado, incluindo as taxas de juros, a volatilidade e as expectativas de crescimento econômico.
- Ações: As ações de empresas negociadas em bolsas de valores são marcadas a mercado, o que significa que seus preços são atualizados em tempo real com base na oferta e demanda do mercado.
- Títulos de dívida: Títulos como Tesouro Direto, títulos corporativos e títulos municipais são geralmente marcados a mercado. O valor desses títulos pode variar com base nas taxas de juros do mercado e na percepção de risco por parte dos investidores.
- Fundos de investimento: Muitos fundos de investimento são marcados a mercado, o que significa que o valor de suas participações é atualizado diariamente com base nos preços de mercado dos ativos que possuem.
- Derivativos: Derivativos como futuros, opções e swaps são todos marcados a mercado. Seus valores são atualizados com base nos preços de mercado dos ativos subjacentes.
Como é a Marcação a Mercado no Tesouro Direto
A Marcação a Mercado no Tesouro Direto é feita diariamente pela B3, que é responsável por calcular e divulgar as cotações dos títulos públicos negociados no sistema. A cotação de cada título é determinada com base na taxa de juros vigente e na demanda dos investidores no mercado secundário.
Assim, o valor dos títulos no Tesouro Direto pode variar diariamente de acordo com as condições do mercado, refletindo as oscilações das taxas de juros e as expectativas dos investidores em relação à economia. É importante ressaltar que, em caso de venda antecipada dos títulos, o investidor pode ter ganhos ou perdas em relação ao seu investimento inicial, devido à Marcação a Mercado.
Marcação a Mercado nos Fundos de Investimento
A Marcação a Mercado nos fundos de investimento é o processo de avaliar o valor atual das cotas do fundo com base no valor dos ativos financeiros que compõem a carteira. Esse processo é realizado diariamente e tem como objetivo refletir as condições do mercado financeiro na valorização dos ativos do fundo.
Os fundos de investimento são compostos por uma variedade de ativos financeiros, como ações, títulos públicos, títulos privados, entre outros. O valor desses ativos pode variar diariamente de acordo com as condições do mercado financeiro, como as taxas de juros, a inflação, a oferta e demanda pelos ativos, entre outros fatores.
Sendo assim, a Marcação a Mercado permite que os gestores dos fundos tomem decisões mais informadas sobre a gestão da carteira, com base nas condições do mercado financeiro.
Quais ativos sofrem mais e volatilidade com a Marcação a Mercado?
Nem todos os títulos de renda fixa vão ter grandes flutuações. Os títulos pré-fixados e os títulos mais longos tendem a variar mais e por que isso? Quando a taxa de juros de mercado ela oscila ela vai marcar todo o papel ou para mais ou para menos, toda a taxa de juros que impacta aquele papel ela pode ser alterada. E quanto mais longo, maior é a alteração porque você vai trazer a valor presente aquela diferença.
Marcação a Mercado na prática e com exemplos
Suponha que um investidor compre um título do governo, prefixado, sem pagamento de cupom (LTN), com vencimento daqui a dois anos e taxa de remuneração de 10% ao ano.
Nesse caso, o valor da dívida no vencimento já está definido em mil reais e o seu valor no presente é aquele necessário para gerar os 10% ao ano de remuneração. Ou seja, aproximadamente R$826,45.
- Valor de compra do título = 1000/[(1+0,1)²] = R$826,45
- Valor no vencimento = R$1.000,00
- Retorno do investimento se mantido até o vencimento = (R$1000,00/R$826,45) -1 = 21%
- Retorno ao ano do investimento = [(1+21%)^(1/2)] -1 = 10% ao ano (Lembrando que 21% em dois anos é o equivalente à taxa de 10% ao ano, pois estamos falando de juros compostos.)
Assim, nosso investidor fictício que comprou a LTN por R$826,45 receberá R$1.000 de volta no vencimento da aplicação.
Agora, suponhamos que um ano após a compra ele decida vender esse título. Como o vencimento do papel ainda não chegou, quem comprará o ativo será um outro investidor. O valor pago dependerá da taxa de remuneração pela qual esse outro investidor está disposto a comprar o título.
Se o cenário não mudou e o título continua sendo negociado a 10% ao ano, então o preço dele nesta data será de R$953,46 e o investidor vendedor receberá exatamente os 10% ao ano equivalente àquele período de tempo que ele manteve o título em sua carteira:
Valor de venda do título = 1000/[ (1,1)¹ ] = R$909,09
Retorno em um ano = (R$909,09/R$826,45) -1 =10%
No entanto, o mais comum é a taxa de remuneração não ser mais a mesma. Dessa forma, o investidor que está se desfazendo do ativo antes do vencimento pode não conseguir vendê-lo pelos mesmos 10%.
Se o mercado estiver pagando uma taxa maior, supondo 12%, o investidor que vender o papel antecipadamente receberá menos do que os 10% de remuneração do título.
Valor de venda do título = 1000/[(1+0,12)¹] = R$892,86
Retorno em um ano = (R$892,86/R$826,45) -1 = 8,04%
Da mesma maneira, pode acontecer o inverso e o título estar sendo negociado por uma taxa menor do que os 10%. Nesse segundo exemplo, o investidor que vender antecipadamente o título obteria um resultado superior aos 10% contratados.
Consideremos que em um ano o mercado esteja comprando a LTN por 8%. Nesse caso:
Valor de venda do título = 1000/[ (1+0,08)¹] = R$925,93
Retorno em um ano = (R$925,93/R$826,45) -1 = 12,04%
Note que o preço de mercado do título é inversamente proporcional a sua taxa de remuneração. Quando os investidores requerem um maior retorno sobre o investimento, o valor do ativo cai e vice-versa.
O que influencia a Marcação a Mercado?
E o que gera essa variação dos “Yields” dos títulos, dentre os principais fatores estão a percepção de risco para o crédito em questão, as expectativas para as variáveis macroeconômicas como juros e inflação, a liquidez do mercado.
Normalmente, as corretoras e os bancos marcam os ativos de renda fixa de pessoas físicas na curva, isso é, na mesma taxa em que compraram o ativo. Assim, o investidor só vê a Marcação a Mercado quando cota o preço que receberia pelo ativo caso o vendesse de forma antecipada.
É o mesmo raciocínio de ter um imóvel. O valor dele varia bastante ao longo do tempo, no entanto não é discutido diariamente com o corretor o preço da casa. Você só cota o preço na hora de comprar ou vender.
Já em fundos de investimento isso funciona de forma diferente e todos os ativos são marcados diariamente a valor de mercado. Tal marcação é necessária para evitar transferência de riqueza entre os cotistas do fundo.
A Marcação a Mercado é influenciada por vários fatores, principalmente pelo preço atual de mercado do ativo em questão. Aqui estão alguns fatores que podem influenciar:
- Volatilidade: a volatilidade do mercado pode influenciar significativamente o preço dos ativos, quanto mais volátil for o mercado, mais frequentes e significativas podem ser as mudanças.
- Liquidez: a liquidez do ativo pode influenciar, pois ativos menos líquidos podem ter preços mais difíceis de determinar. Se houver pouca oferta e demanda por um ativo, isso pode resultar em uma Marcação a Mercado mais imprecisa.
- Notícias e eventos: notícias e eventos podem ter um impacto significativo sobre os preços dos ativos, por exemplo, notícias sobre mudanças regulatórias ou políticas podem afetar o valor de certos ativos.
- Desempenho financeiro: o desempenho financeiro de uma empresa ou ativo pode influenciar, se uma empresa divulgar resultados financeiros positivos, isso pode resultar em um aumento no preço de suas ações.
- Oferta e demanda: a oferta e demanda por um ativo pode influenciar o preço. Se houver mais pessoas querendo comprar um ativo do que vendê-lo, o preço pode subir, resultando em uma marcação mais alta.
5 benefícios para quem investe em Marcação a Mercado
A Marcação a Mercado oferece vários benefícios para investidores, incluindo rentabilidade potencialmente maior, flexibilidade para reagir rapidamente às mudanças nas condições do mercado, diversificação de carteira, transparência para tomar decisões de investimento informadas e a possibilidade de utilizar alavancagem. Veja outros exemplos:
1. Transparência: fornece informações atualizadas e precisas sobre o valor de um ativo financeiro, o que ajuda a garantir a transparência nas transações financeiras e a tomada de decisões informadas.
2. Liquidez: permite que os investidores avaliem rapidamente o valor de seus ativos, o que pode ajudá-los a tomar decisões de compra e venda com mais facilidade e rapidez.
3. Gerenciamento de risco: ajuda os investidores a avaliar o risco de seus investimentos e a tomar medidas para gerenciar esse risco, como ajustar suas posições de investimento ou adicionar instrumentos financeiros de cobertura em suas carteiras.
4. Precificação adequada: auxilia a garantir que os preços dos ativos reflitam as condições atuais do mercado, o que pode ajudar a evitar situações em que os ativos são sobrevalorizados ou subvalorizados.
5. Diversificação: A Marcação a Mercado pode facilitar aos investidores a diversificar suas carteiras de investimento, permitindo-lhes avaliar rapidamente o valor de diferentes classes de ativos e ajustar suas posições de investimento em resposta às mudanças do mercado.
Qual é a vantagem e desvantagem da Marcação a Mercado?
A vantagem da Marcação a Mercado é que ela fornece uma avaliação precisa e atualizada do valor de um ativo, permitindo que os investidores tomem decisões informadas sobre sua carteira de investimentos.
No entanto, a desvantagem da Marcação a Mercado é que ela pode levar a flutuações de curto prazo no valor de um ativo, o que pode levar a uma volatilidade significativa no mercado. Isso pode ser particularmente problemático em períodos de incerteza econômica ou volatilidade de mercado, onde a Marcação a Mercado pode levar a uma liquidação forçada de ativos em um momento em que os investidores prefeririam mantê-los a longo prazo.
A Marcação a Mercado pode ser influenciada por fatores externos, como notícias do mercado, decisões políticas e eventos imprevisíveis, o que pode levar a uma volatilidade excessiva no mercado. Por essa razão, alguns investidores podem optar por usar técnicas de avaliação mais estáticas e menos voláteis em suas análises de investimento.
Por que é importante manter os títulos até o vencimento?
Primeiramente, a Marcação a Mercado não gera perda permanente de patrimônio caso o título seja mantido até o vencimento. Contudo, é válido ressaltar que ela influencia diretamente no custo de oportunidade, isto é, no dinheiro que o investidor terá disponível para alocar em outros investimentos.
Em segundo lugar, apesar da perda temporária de patrimônio quando a taxa de juros do título aumenta, ela é compensada por um retorno maior até o vencimento, o chamado carrego.
Como vimos, a Marcação a Mercado é uma técnica importante para avaliação de títulos financeiros que ajuda a garantir transparência e precisão nas avaliações de investimento. No entanto, note que a Marcação a Mercado pode levar a volatilidade no curto prazo e pode não ser adequada para todos os mercados e ativos financeiros.
Dúvidas sobre Marcação a Mercado
A diferença entre Marcação a Mercado e Marcação na Curva é que, na Marcação na Curva, a taxa utilizada para atualização do título é fixa e pré-determinada no momento da compra, enquanto na Marcação a Mercado, o preço é atualizado diariamente com base nas condições do mercado. Na Marcação a Mercado, o investidor pode visualizar o impacto das condições do mercado na rentabilidade do título e acompanhar as oscilações.
A Marcação a Mercado é um processo diário de atualização do valor dos ativos com base nas condições do mercado, incluindo fundos de investimento, ativos negociados na Bolsa e investimentos em renda fixa. Como os preços dos ativos podem variar diariamente, os investidores devem estar preparados para lidar com essas variações.