BDRs: O que são e como funcionam os recibos de empresas estrangeiras

Com a desvalorização do real comparado ao dólar, os BDRs tornaram-se mais atrativos para os investidores brasileiros por unirem a oportunidade de investir em uma empresa que possui ações estrangeiras com a possibilidade de obter maior rentabilidade, a depender da influência do mercado e da variação do câmbio.

Nesse post vamos simplificar os BDRs, mostrando as vantagens de ter esses investimentos na sua carteira.

BDR ou Brazilian Depository Receipts são ativos emitidos na B3, mas que são lastreados internacionalmente e espelham o desempenho de ações de empresas que operam fora do país — sejam essas empresas de outros países (como Apple, Facebook, Netflix, Amazon, etc.) ou empresas brasileiras listadas no exterior.

Na prática, esses papéis permitem que o investidor brasileiro opere ativos internacionalmente, sem a necessidade de abrir conta em uma corretora fora do país. Investir em BDR não torna você um acionista da empresa, mas é uma maneira de investir indiretamente nesses ativos.

Até 2020, os BDRs não Patrocinados eram restritos a investidores qualificados, mas com mudanças nas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o investimento passou a ser acessível para todos os investidores pessoa física.

Isso não significa que eles são indicados para todos os perfis de investidores, antes é preciso entender o seu funcionamento.

Como funcionam os BDRs?

Para que você possa adquirir os certificados, é necessário que as ações fiquem bloqueadas internacionalmente e que uma instituição daqui faça a compra dessas ações. Essa estrutura é formada por duas instituições: a depositária e a custodiante.

A instituição depositária fica no Brasil e irá comprar as ações internacionais para emitir os BDRs para os investidores brasileiros. Esse processo é supervisionado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Já a instituição custodiante, é uma instituição financeira internacional que mantém esses papéis bloqueados no exterior e depositados na conta da instituição depositária.

Apesar da estrutura ser diferente, investir em BDRs é similar a investir em ações: se o valor do BDR subir o investidor verá seu patrimônio subir, se o valor do BDR cair o investidor verá seu saldo cair e, se a companhia lá fora distribuir dividendos o investidor receberá sua parte, debitada de uma taxa cobrada pelo custodiante, geralmente de 5%.

Mas fique atento, já que os títulos têm sua cotação fortemente influenciada pela variação cambial. Em um cenário de real desvalorizado em relação ao dólar - como o que estamos vivendo hoje - o BDR pode passar a valer mais, e no cenário contrário, com dólar desvalorizado, o BDR pode perder rentabilidade.

Os BDRs se dividem em dois grupos: os patrocinados e os não patrocinados, e dentro do grupo de patrocinados existem os níveis I, II e III.

A classificação diz respeito à forma como esses investimentos foram “importados” para o mercado brasileiro.

BDRs Patrocinados

Os BDRs patrocinados são caracterizados pelo envolvimento da empresa dona das ações, que faz o contato diretamente com a instituição depositária. Ou seja, não precisam de uma instituição custodiante no exterior para mediar esse processo.

Esses BDRs fazem parte, geralmente, de uma estratégia de internacionalização, quando a companhia estrangeira vê potencial no mercado brasileiro e busca investidores no país.

Dentro dessa categoria existem os níveis I, II e III que têm diferentes regras de distribuição e em alguns casos limitam o número de compradores brasileiros.

BDRs Patrocinados Nível I

Os BDRs patrocinados de Nível I não precisam de registro de emissor estrangeiro na CVM, somente aqueles lastreados em títulos de dívidas de empresas brasileiras abertas. As negociações devem ser feitas em um balcão não organizado ou em segmentos específicos de bolsa ou balcão organizado.

Pode haver oferta pública, porém com esforços restritos de acordo a regulamentação brasileira.

Os investidores desse tipo de BDR devem ser qualificados, empregados do patrocinador ou investidores em geral, se atenderem as condições da regulação.

BDRs Patrocinados Níveis II e III

Os BDRs Níveis I e II possuem características semelhantes. Ambos podem ser negociados por qualquer investidor, na bolsa ou em um balcão organizado, e a empresa que emitiu as ações deve ter registro na CVM.

Assim como o BDR de Nível I, nos de Nível II a oferta pública só existe com esforços restritos. Já o BDR de Nível III as ofertas públicas podem ocorrer de forma ampla.

Para mais informações, acesse o site da B3.

BDRs Patrocinados – Códigos de negociação

O BDR, assim como as ações, possui o código da empresa que o emitiu. Quando você usa o Home Broker do Inter, por exemplo, é pos sível buscar o BDR que você quer investir por meio desse código.

Ele é formado por quatro letras e dois números, que informam o nome da empresa e o tipo de BDR.

• BDR Patrocinado Nível I: não possui um final específico
• BDR Patrocinados Nível II: final 32
• BDR Patrocinado Nível III: final 33

BDRs Não Patrocinados

Os BDRs Não Patrocinados são papéis emitidos pelas instituições depositárias, sem conexão com as empresas donas das ações, e compõe a maioria da B3. Neste caso, a instituição custodiante que faz a intermediação e cobra uma taxa no repasse dos dividendos.

O esquema de compra e custódia pode ser representado pelo diagrama do primeiro tópico e é o que permite que os BDRs Não Patrocinados fiquem disponíveis para o investidor brasileiro.

Os BDRs Não Patrocinados só podem ser Nível I e os códigos possuem final 34 ou 35. Por exemplo: Amazon (AMZO34); Apple (AAPL34); Netflix (NFLX34); Google (GOGL34).

O primeiro passo para investir em BDRs é realizar o teste de suitability em nosso aplicativo, para determinar os ativos mais indicados para o seu perfil.

Também será preciso assinar o Termo de Adesão na nossa plataforma de investimentos e ter limite operacional disponível — para conhecer seu limite operacional sugerimos que você leia o Documento Concessão de Limites e Gestão de Riscos.

O próximo passo é estudar as empresas disponíveis. Nosso time de analistas solta uma carteira recomendada todos os meses com as dez melhores apostas de BDRs para se investir. Cadastre-se para receber ou acompanhe lá mesmo, em nosso app, na seção Conteúdo.

Se optar por investir pelo nosso Home Broker, o processo é similar a compra e venda de ações:

• Digite o código do BDR;
• Selecione a quantidade de papéis;
• Emita a ordem de compra.

A partir dessa ação, o ativo ficará visível em sua home de Renda Variável. Agora, é só acompanhar o desempenho do papel para comercializá-lo quando necessário.

A principal vantagem do BDR é a possibilidade de alocar seu patrimônio em ativos no exterior, sem a necessidade de abrir uma conta fora do país. Além disso, por serem negociados no mercado local, os títulos são comercializados na nossa moeda, o que simplifica e barateia o processo, pois não é preciso pagar taxas de transferência de recursos para contas internacionais.

Os BDRs também são interessantes para diversificar sua carteira, representando uma alternativa para quem deseja investir em setores não muito amadurecidos no Brasil.

Do lado das desvantagens, os BDRs são investimentos de maior risco, pois estão sujeitos à volatilidade das notícias locais e internacionais, bem como aos resultados e notícias das empresas que eles representam, os seus valores também vão oscilar de acordo com a variação cambial.

Através do Home Broker, o investimento em BDRs pode ser sem cobrança de taxa de corretagem (quando aplicada) e taxa de custódia.

No entanto, o investidor deverá ficar atento pois deverá recolher 15% sobre os ganhos obtidos com BDRs, todos os meses, relativos a Declaração do BDR no Imposto de Renda, já que esta classe de produto não conta com a isenção do IR para vendas abaixo de R$20mil, como é o caso de ações.

No caso de operações Day trade, a alíquota sobe para 20%.

Os comprovantes de pagamento deverão ser apresentados na declaração de Imposto de Renda feita no ano seguinte.

Os dividendos, parcela dos lucros distribuída pela empresa para seus acionistas, serão tributados de acordo com o país de origem do papel, procure se informar sobre o assunto pois a taxação pode variar de papel para papel.

Ainda existe a possibilidade daqueles que possuem BDRs em outras corretoras pedirem a conversão para stock dentro da Plataforma Global de Investimentos pelo Super App. 

Para isso, primeiro é necessário pedir o cancelamento dos BDRs na corretora de origem e depois a conversão para a Apex Clearing, nossa parceira home broker internacional.

Neste caso, você precisa ter uma conta na Plataforma Global de Investimentos e informar à sua corretora de origem os seguintes dados:

Número Clearing (Código DTC): 0158

Nome da Corretora Estrangeira: Apex Clearing

FBO: APEX Clearing Corporation

Número da Conta na Corretora de Destino: Conta Apex do Cliente (disponível na tela inicial da Apex, no app)

FFC: Nome do Cliente + Conta Apex do Cliente (disponível na tela inicial da Apex, no app)

BIC CODE SWIFT: PFSIUS4RXXX

Endereço (Caso Necessário):

BMO/Harris Bank

111 West Monroe Street

9th Floor Center

Chicago, IL 60603

AAA

Importante: a conversão é feita a partir de números inteiros de ações nos Estados Unidos. Como BDRs podem representar frações das ações, então a conversão geralmente não será de 1 para 1.

No caso dos BDRs do Inter, por exemplo, a conversão segue a relação:

_cada 6 ações de BIDI3 você ganha 1 BDR

_cada 6 ações de BIDI4 você recebe 1 BDR

_cada 2 units de BIDI11 você recebe 1 BDR

Vale lembrar que as taxas de conversão variam de corretora para corretora.

>> BDRs x Stocks: Qual é a melhor opção?