O Brasil teve um resultado surpreendente nas olimpíadas de Tóquio. Batemos recorde de medalhas com uma participação brilhante e tivemos a melhor colocação no ranking da história, subindo da 13ª posição na última edição para a 12ª.

Os jogos olímpicos são um grande evento esportivo global e remonta a competições realizadas na Grécia antiga. Com a era moderna dos jogos, o constante desenvolvimento e profissionalização da competição vem estimulando ao mesmo tempo a atenção da mídia e investimentos por parte de patrocinadores em cada esporte. 

Em estudo feito pela equipe de pesquisas econômicas do Inter, apuramos que dois fatores contribuem para o sucesso de um país nos jogos olímpicos. O primeiro deles é de caráter demográfico, o tamanho da população. Uma vez que os atletas classificados em cada país partem de um número maior de indivíduos em regiões diversas, países mais populosos possuem a vantagem de selecionar atletas mais qualificados. Estados Unidos, China e Rússia entre os primeiros colocados exemplificam esse fator. Em segundo lugar, os investimentos realizados na educação e cultura resultam em uma indústria esportiva mais significativa, que reverte em patrocínios para sustentar o esporte, tanto na base como profissionalmente. 

Portanto, a renda per capita, medida pelo PIB per capita, também explica em parte o resultado no quadro de medalhas, justificando as excelentes participações do Reino Unido, Japão e Alemanha, e também explicando a ausência de países populosos como Índia e Indonésia.

As surpresas nos resultados são um espetáculo à parte, o que faz do esporte ser tão interesse e atrair tanta audiência. Como não vibrar com o nadador da Tunísia que da raia 8 alcançou o primeiro lugar nos 400m livre na natação, ou da atleta da Venezuela que bateu recorde mundial e foi a campeã no atletismo no salto triplo. Aptidões de cada região para determinado esporte, bem como notáveis desempenhos individuais, representam o erro esperado de qualquer modelo de projeção e contribui para o grau de surpresa e encantamento de uma competição esportiva.

Mas o que dizer dessa surpresa positiva que foi a participação brasileira, superando o recorde alcançado nos jogos do Rio de Janeiro, em 2016? Em nosso estudo também identificamos uma vantagem do país sede, o que explicou o bom desempenho do Brasil nos jogos em 2016 e agora o do Japão em 2021. Porém, depois de 5 anos que incluiu uma trajetória de crescimento do PIB fraca, seguida do forte impacto da pandemia no país, o bom desempenho brasileiro nas olimpíadas pode refletir outros fatores. 

O investimento feito no esporte para a Rio 2016 tem efeito mais duradouro e foi além de um ciclo olímpico. Reino Unido e China também experimentaram crescimento na participação do quadro de medalhas após sediarem os jogos. Essa é uma importante lição: o investimento em educação tem impacto de longo prazo. O esporte está correlacionado com a relevância dos gastos em educação e cultura o que consequentemente leva a certo desenvolvimento econômico.

Por fim, não vamos descartar a capacidade de superação e resiliência do atleta brasileiro, que reflete as características do nosso povo. Podemos manter as esperanças de que as dificuldades encontradas na economia hoje também possam ser superadas. Reformas e visão de longo prazo tem um enorme valor e nossa evolução olímpica é um excelente exemplo.

*Esta coluna foi escrita pela Economista-Chefe do Inter, Rafaela Vitória. Acompanhe ela também pelo twitter @rvitoria e pelo podcast Inter Invest.

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