Para começo de conversa, precisamos ter em mente que o principal motivo da diversificação no portfólio de ações é mitigar o risco. Dito isso, esclarecemos que o risco é comumente classificado em dois tipos: risco sistemático e não sistemático.
- Risco sistemático: é aquele que afeta a economia de uma forma geral, no qual todas as empresas e setores estão inseridos. Pode ser ocasionado por uma instabilidade no sistema financeiro, volatilidade do dólar, crise política, guerras, pandemias e etc. É também conhecido como risco não diversificável, pois ele não pode ser anulado.
- Risco não sistemático: refere-se a uma empresa ou setor em específico. Estão relacionados principalmente aos riscos de crédito, liquidez, mercado, operacional e fiscal de uma companhia. Ou impostos, subsídios e pragas que impactam um setor inteiro. Diferentemente do risco sistemático, o risco não sistemático pode ser reduzido através da diversificação.
O risco não sistemático de uma carteira de investimentos depende do número total de ações, suas proporções e correlação. Uma mudança em qualquer uma dessas variáveis altera o risco do portfólio. Com relação à correlação (medida estatística entre -1 e 1 que demonstra a relação entre os ativos), o ideal é que ela seja negativa. A correlação negativa entre ações significa que os ativos se movimentam em direções opostas (quando um sobe, outro desce).
Porém, qualquer correlação abaixo de 1 já indica um grau de diversificação. Para não deixarmos a conversa muito em termos técnicos, podemos simplificar dizendo que um portfólio com empresas de diferentes portes e em diferentes setores já cumpre o pré-requisito de correlação. No que diz respeito a proporção alocada em cada ativo, embora a literatura sobre esse assunto seja escassa, a conclusão é de que, de forma geral, os ativos devam ter pesos semelhantes, com direito a uma porcentagem maior em 1 ou 2 ativos em que o investidor tenha mais confiança.
E, finalmente, sobre o número total de ações que compõem uma carteira. Embora a academia seja dividida sobre o assunto e não haja um número mágico, o consenso é de que um portfólio derivado de 12 a 18 ativos atinja 90% do máximo benefício da diversificação.
Acima desse número, os custos marginais de transação e o fato de que fica cada vez mais difícil estudar bem as companhias tornam-se desvantagem para o investidor.