A pergunta parece simples, mas com os altos e baixos vistos nos últimos meses, fica um pouco mais complicado bater o martelo na hora de tomar uma decisão de investimentos.
O ponto forte das criptomoedas, a falta de regulamentação, acaba sendo também seu tendão de Aquiles. Isso porque elas acabam sendo alvo de especulação, com comentários, como por exemplo, os de Elon Musk que inicialmente anunciou ao mercado a aceitação de criptomoedas como forma de pagamentos pela Tesla e, há poucos dias, voltou atrás na sua posição.
Algumas empresas têm entrado na onda cripto, passando a aceitar este tipo de ativo como meio de pagamento, como o caso da Mastercard, reforçando sua importância no mercado. Entretanto, no contraponto, vemos governos federais atuando fortemente na refuta dos papéis.
Com notícias contra e a favor, dia sim, dia não, investir em cripto pode ser aquela “pimenta” no seu portfólio. Ficar de fora de um mercado disruptivo e com um futuro ainda inimaginável talvez não seja a melhor opção, mas será preciso estômago e uma boa dose de chá de camomila para manter os ânimos intactos. Vale lembrar que no Brasil, a CVM não considera as criptomoedas valores mobiliários e não existem corretoras autorizadas pelo Sistema Financeiro Nacional a transacioná-las.
No entanto, o investimento na classe é possível por meio de fundos de investimento com estratégias de investimento no exterior. No Inter, você pode investir através dos seguintes fundos e ETFs:
- Vitreo Cripto Metals Blend FIC FIM;
- Vitreo Criptomoedas FIC FIM IE (somente para investidores qualificados);
- HASH11, ETF de criptomoedas da Hashdex;
- Hashdex 20 Nasdaq Crypto Index FIC FIM (com alocação de 20% em criptoativos e o restante em renda fixa);
- Hashdex 40 Nasdaq Crypto Index FIC FIM (com alocação de 40% em criptoativos e o restante em renda fixa – somente para investidor qualificado)
Quer entender um pouco mais sobre o mundo dos criptoativos? Então dá uma olhada nesse material que preparamos para você!
A revolução cripto
Ao longo do último ano, uma das classes de ativos que liderou os holofotes com performance de dar inveja a muito segmento foi a de criptos. A título de exemplo, o Bitcoin, a criptomoeda mais famosa teve seu valor de mercado avançando mais de 300%, em 2020, chegando a aproximadamente R$ 4 trilhões, ou 95% do valor de todas as empresas do Ibovespa juntas.
Vale ressaltar que a moeda representa parte considerável do valor de mercado das mais de 6.000 criptomoedas existentes hoje e que, em conjunto, têm valor de cerca de R$ 13 trilhões, ou três índices Bovespa. Mas, o que justifica esta valorização tão expressiva deste tipo de ativo em tão pouco tempo?
Os defensores destes ativos afirmam que as criptomoedas têm uma capacidade disruptiva da escala da internet e argumentam que elas são capazes de endereçar problemas das atuais moedas que até o século passado eram considerados impossíveis de se resolver.
>> Saiba como declarar os investimentos no exterior no Imposto de Renda!
Entendendo a funcionalidade da moeda
Primeiramente, vamos lembrar para que serve a moeda. Toda moeda tem duas funções básicas: a primeira, intermediação, a segunda, reserva de valores. Assim, a moeda é assegurada e regulamentada pelo sistema financeiro de um país, por meio de seu Banco Central. O Sistema Financeiro de um país serve para fiscalizar e executar todas as atividades de transações financeiras.
Hoje, vivemos em um mundo tecnológico. No entanto, algumas ferramentas do dia a dia não acompanharam os avanços com a mesma velocidade. Podemos dizer que as transações financeiras funcionam como um claro exemplo disso, e mostram que nossos sistemas financeiros, embora tenham evoluído, ainda operam com base no mesmo modelo de antigamente: por meio de intermediários.
Para que o banco de um cliente efetue a transação para o banco de outro cliente, é necessário que os bancos “conversem” e validem a transação. Essa troca de informação entre os bancos se resume em confirmação de dados. O primeiro banco prova para o outro que o seu cliente tem os recursos necessários para efetuar a transação. No entanto, a transação exemplificada acontece milhares de vezes ao mesmo tempo com diversas contas/usuários diferentes gerando, portanto, a necessidade de atualizar os vários bancos de dados de diversos bancos de forma simultânea.
Por isso, transações mais complexas se tornam morosas, já que é necessário reunir dados de diversos clientes.
A entrada do Blockchain
Em outubro de 2008, época em que a crise americana do subprime se alastrava e criava dúvidas sobre o sistema financeiro, um programador, cujo pseudônimo era “Satoshi Nakamoto”, publicou um white paper intitulado Bitcoin: A Peer-to-Peer Eletronic Cash System. Dois meses depois, o primeiro Bitcoin foi “minerado” e o sistema lançado.
A ideia surgiu exatamente para tratar a forma análoga como a moeda em geral era transacionada e quão arcaico o sistema financeiro se mostrava. No centro da solução, estava a criação de uma única base de dados descentralizada, acessível a todos e durante qualquer dia ou hora.
Contudo, garantir a veracidade e confiabilidade de valor desta base de dados e desta nova moeda era o principal desafio do sistema. A grande sacada de Nakamoto foi a criação do chamado blockchain. O blockchain funciona como um processo tecnológico governado por incentivos de criptografia.
Ao contrário do meio tradicional de transacionar moedas, no blockchain não há intermediário financeiro. Para isso, quando uma pessoa deseja enviar uma criptomoeda para outra, ela lança uma ordem e a transação fica no aguardo. Nesse ponto, entram os mineradores (miners), programadores responsáveis por agregar as transações em blocos e resolver um problema de criptografia de forma a implementar a transação no sistema.
Uma vez que a solução do problema matemático é encontrada, essa transação é registrada na rede, a base de dados é atualizada e a transferência, até então em aguardo, enviada.
Por sua vez, o sistema funciona com base em incentivos e, por isso, toda vez que um miner resolve uma criptografia que permite que um bloco de transações seja enviado, esse profissional recebe, 6,25 unidades da moeda (ou aproximadamente R$ 1,67 milhões), no caso do Bitcoin.
Devido ao considerável prêmio, diversos miners competem para tentar resolver os blocos, fazendo com que diversos computadores “verifiquem” as transações dos clientes, atualizando as bases de dados.
No caso do Bitcoin, cerca de 40 mil computadores verificam independentemente cada transação efetuada, garantindo a segurança e confiabilidade do sistema. A ideia de Nakamoto se provou com o tempo e trouxe a possibilidade da entrada da moeda na era da internet.
Após 11 anos de sua implementação, o Bitcoin nunca foi hackeado e já transacionou bilhões de dólares.
Quando irei comprar meu café com criptmoedas?
Apesar de ser uma grande revolução, o blockchain não foi construído para mudar a forma como indivíduos fazem pequenas transações nas suas rotinas. Até porque, ao comprar um café com Pix, dinheiro ou um cartão, você completa a transação após segundos e tem maior probabilidade de reclamar da qualidade do café do que do tempo que levou para pagá-lo.
Por outro lado, o surgimento do blockchain possibilita uma revolução em três aspectos que tangem transações financeiras. Primeiramente, a transferência de elevadas quantias para outros países passa a ser extremamente rápida e menos custosa. A título de exemplo, em abril de 2020, uma transação de US$ 1,1 bilhão foi feita em menos de 10 minutos por uma taxa de US$ 0,68.
Em segundo lugar, a tecnologia possibilitou a retirada de intermediários financeiros. No mundo financeiro tradicional, a validação de uma transação entre duas partes é sempre feita por um terceiro. Por exemplo, quando um PIX é feito, o seu banco faz esta intermediação, validando a operação.
Já no blockchain, as transações são fruto de uma concordância geral, onde uma transferência é validada não por uma instituição, mas sim por milhares de computadores. Isso somente é possível devido a descentralização, característica marcante em diversas criptomoedas. Consequentemente, um indivíduo que desejar burlar o sistema, terá que hackear todos os computadores que operam independentemente, o que é muito mais complicado do que “enganar” o software de uma única instituição, tornando, portanto, o blockchain extremamente seguro.
Por último, o blockchain permite contratos inteligentes. Os chamados “smart contracts” são contratos digitais autoexecutáveis que usam tecnologia para garantir que os acordos firmados serão cumpridos.
Se para uma negociação ser concluída todos devem pagar, é possível planejar para que esta transferência ocorra somente quando todos tiverem enviado suas ordens de transferência.
Os contratos usam do conceito de descentralização também, e as informações inseridas e cláusulas são validadas nos códigos escritos na cadeia de blocos. Depois, os computadores participantes da rede avaliam a transação e, se a maioria concordar, o contrato é considerado verificado e se torna imutável, dado que seu algoritmo criptografado cria uma cadeia de registros, impedindo a falsificação.
Porque existe mais de uma criptmoeda
Instagram, Facebook, Twitter, Linkedin são redes sociais e cada uma delas foca em um determinado público ou presta um serviço. No mundo das criptomoedas, o funcionamento é similar.
Isso acontece porque existe um trade-off no blockchain que faz com que os criadores de criptomoedas tenham que escolher entre mais segurança, mais programabilidade ou maior velocidade para transações.
Em relação a segurança, o Bitcoin entra na frente dos outros, devido aos milhares de computadores independentes validando e possibilitando as transações e ao sistema descentralizado, ainda nunca hackeado. Além disso, o código da moeda é extremamente simples e somente permite uma gama bem limitada de ações, o que é mais um ponto favorável à segurança.
Em contrapartida, o nível de programabilidade é baixo, não permitindo smart contracts mais complexos. No que tange à programabilidade, o Ethereum pode ser mais vantajoso.
Já com respeito à velocidade, a XRP, a sétima maior criptomoeda, é muito conveniente. Essa se diferencia pelo seu grau de centralização. Enquanto o Ethereum e o Bitcoin são ativos descentralizados, a XPR é mantida por apenas 36 nós (do inglês, nodes), dos quais seis são de apenas uma companhia, controladora da maioria da oferta monetária.
Por ser mais centralizada, a moeda permite que as transações sejam validadas em menos vezes, deixando-a mais rápida, porém menos segura. Portanto, a tendência é que várias moedas continuem existindo.
Qual o preço justo de uma criptomoeda?
Quando analistas de ativos mobiliários calculam o valor justo de um ativo ou ação, geralmente usam modelos de valuation, como são conhecidos no mercado, podendo ser modelo por fluxo de caixa descontado, múltiplos, etc.
Para criptomoedas, o funcionamento é um pouco diferente. A classe de ativos, que surgiu há apenas 11 anos, ainda não tem modelos de valuation bem definidos e há forte discordância em como chegar em um preço alvo.
Como consequência disso, a volatilidade delas permanece alta, característica negativa do investimento. Alguns acreditam que o valor da moeda é definido pela ocupação do mercado endereçável a ela. Por exemplo, se o Bitcoin for considerado uma reserva de valor e tiver um papel similar ao do ouro, ela deve ter um valor em % do mercado endereçável do ouro.
Outra forma conhecida de precificar criptomoedas é colocando-as em mesma classe que as redes. Com isso, o crescimento do valor de mercado da moeda acelera conforme o crescimento de usuários.
De qualquer forma, fica claro que o valor de uma criptmoeda é extremamente atrelado à confiança que os indivíduos têm sobre ela.
Desvantagens das criptmoedas
Apesar de todo o caráter disruptivo do Bitcoin e outras criptomoedas, para todo o “novo”, existem os céticos. O principal argumento dos avessos aos criptoativos é majoritariamente político: os bancos centrais jamais aceitariam perder o poder que atualmente tem sobre a moeda.
Lembramos que, uma das principais formas do governo de estimular a economia é através da política monetária e, caso outras criptomoedas tomassem posição central na rotina dos indivíduos, os Bancos Centrais teriam dificuldade para controlar ciclos econômicos e injetar dinheiro na economia.
Além disso, caso o espaço corrente das moedas públicas fosse ocupado por criptomoedas com rigidez de oferta, haveria problema de deflação e possivelmente crescimento constante das taxas básicas de juros da economia. Assim, o Banco Central Europeu, segundo Christine Lagarde, presidente da autarquia, não espera ter reservas de Bitcoin ou outras criptomoedas tão cedo. Pelo contrário, a União Europeia já anunciou querer ter uma moeda virtual até 2025. Para mais, a China já aplicou seu piloto de criptomoedas para 500 mil pessoas e EUA e Reino Unido já lançaram a força tarefa para criar as suas também.
Com as CBCCs, (Central Bank Cryptocurrencies) é esperado que indivíduos não mais precisem ter contas bancárias em bancos de varejo privados, mas sim contas no próprio banco central. Dessa maneira, os depósitos não seriam mais garantidos por bancos privados, mas pelo Estado.
Segundo estimativas do The Economist a digitalização das moedas estatais tornaria o sistema financeiro acessível para mais 1,7 bilhão de pessoas, atualmente à margem do bancarização.
O futuro é cripto?
Claramente, é difícil saber qual será a maior criptomoeda, quais ainda devem crescer ou surgir e qual tem o maior potencial disruptivo. Enquanto algumas focam mais em segurança, outras permitem transações mais complexas e ainda outras apresentam velocidade jamais antes vistas. No entanto, não há dúvida do potencial da classe de ativos, no âmbito estatal ou privado, de alterar a forma como transações são efetuadas e como o sistema financeiro funciona.
Mas, nem tudo são flores.
O Sistema Financeiro da maneira como é estruturado hoje assegura não apenas o valor do dinheiro no tempo, mas também a rastreabilidade destas divisas, algo não contemplado pelos criptoativos. Programas para prevenção de lavagem de dinheiro, evasão fiscal, só são possíveis devido ao controle dos Bancos Centrais e de toda a rede financeira mundial.
Os valores transacionados via cripto não passam por regulamentação e poderiam facilmente ser usados para fins negativos como financiamento do tráfico de drogas, crimes de lavagem de dinheiro, dentre outros. Este é apenas um dos desafios e questionamentos daqueles que são contra a ampla aceitação deste tipo de ativo.
Você mais informado
Esse post foi retirado do CriptoWorld Ed.1.21, relatório enviado pela nossa equipe de Research. Para ter acesso a mais conteúdos assim, continue acompanhando nosso blog ou inscreva-se para receber os relatórios em sua caixa de entrada.
Como declarar criptomoedas no Imposto de Renda
Se você quer saber como declarar criptomoedas no Imposto de Renda, é fundamental reunir todas as informações relacionadas às suas transações, incluindo datas, valores e detalhes das operações. A Receita Federal exige que você informe a posse das moedas digitais na seção de "Bens e Direitos" da declaração, utilizando o código correspondente às criptomoedas.
Portanto, é necessário informar todas as movimentações, como compra, venda, transferências entre exchanges e até mesmo as operações de mineração, caso seja aplicável. Manter registros organizados e contar com o auxílio de um contador especializado em criptomoedas pode facilitar o processo e garantir o cumprimento das obrigações fiscais.